domingo, 16 de fevereiro de 2014

Quem sabe

Ele não sabe, mas açaí é o alimento mais poético que existe.
Ele não sabe, mas os versos são desejos repentinos das madrugadas.
Ele não sabe, mas ironia e Nescau demais fazem mal igualmente.
Ele não sabe, mas a cidade continua fria mesmo aos 40 graus.
Ele não sabe, mas os nossos filhos vão ouvir Dylan.
Ele não sabe, mas a minha terapeuta me aconselhou um cachorro.
Ele não sabe, mas a bebida só é boa quando a companhia ajuda.
Ele não sabe, mas o céu tem as estrelas que se consegue colocar.
Ele não sabe, mas ontem foi sábado como se não tivesse sido.
Ele não sabe, mas a pior anemia é a inanição do afeto.
Ele sabe muito bem que o amor não tem encaixe perfeito, mas a poesia sim.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Pacto em 4 atos

1.
No último ato de um final de semana feliz,
numa dessas tardes quentes de verão,
conhecidas por instabilizarem o mais áspero dos corações,
fomos a uma roda de samba, a Vida e Eu.

2.
Ela (como sempre) misteriosa em suas insinuações sutis
repousa meus instintos mais inconsequentes numa sonora paz,
enquanto pacifica minhas dúvidas com afetos e conselhos
entre um gole e outro numa garrafinha de água com gás.

3.
Abre um guardanapo de memórias e promessas distantes
e me aponta uma dádiva em cada ponto de esperança dissipada.
Com o tempo as duras pedras alicerçam as inconstantes quedas
quando a gente brinca com a cara espatifada no pó da estrada.

4.
Dançamos de mãos dadas alguns passos erráticos e torpes.
Embriagadas de uma bebida forte e doce, na mesa de um bar qualquer.
E, de forma decisiva, fizemos de um brinde um pacto de vida.
A Vida e Eu...
Vamos seguir sem medo!