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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Bem-me-quer

Escrevi seu primeiro nome no verso da última pétala da flor do meu querer.
Depois, espremi as letrinhas pra caber um “bem-me-quer” num canto à esquerda. 
Por último, prometi não quebrar a tradição antiga quando o desejo não for uma metáfora qualquer.
Muitos disseram que eu provavelmente esteja dormindo em pé.
Outros, mais amigos, me acharam cansada e gentilmente me aconselharam umas férias.
Tive de explicar educadamente o quão estavam estatisticamente enganados.
É que nunca souberam encontrar entre os inutensílios perdidos:
o castelo de areia erguido na sala de TV,
o beijo que cura a dor nas costas e a enxaqueca do mês,
o poema que dorme no rodapé dos livros de medicina,
o domingo de folga que atravessa as quintas de plantão,
o abraço que vale por uma semana há mais de férias,
a viagem que junta o continente dos sentimentos,
a prescrição que recomenda colo e alivia medos,
o olhar que é comum, mas enxerga em 3D,
o amor que não tem CRM, mas socorre a vida dos perigos dela mesma.

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